Chipyong-Ni: A Maior Defesa Regimental da História Militar

Compartilhe:
Capas-Posts

Por Reis Friede* e Nathalia Ferreira**


A Batalha de CHIPYONG-NI ocorreu entre os dias 13 de 15 de fevereiro de 1951, tendo sido um dos muitos confrontos diretos no contexto da Guerra da Coréia. Todavia, em face de suas especificidades, passou para a história como a maior batalha regimental da era moderna. Ela ocorreu, principalmente, devido ao avanço das forças da ONU em território norte-coreano, após uma reviravolta decisiva nos rumos daquele conflito, promovida pelo General DOUGLAS MACARTHUR, ocasião em que o território invadido anteriormente pela Coréia do Norte foi completamente retomado.


Map_Chipyong-ni
Mapa da Batalha de Chipyong-ni na noite de 13-14 de fevereiro de 1951 (Wikipedia)

Esses eventos, incluindo os avanços das forças da ONU até as fronteiras da China, fizeram com que Pequim, – que até então apoiava silenciosamente com cerca de 50 mil efetivos, repassando equipamentos soviéticos para a Coréia do Norte –, resolvesse entrar em combate direto, através da introdução, no teatro de operações, de uma grande quantidade de tropas (estrategicamente enviadas como “voluntárias”), ainda no final de 1950. A China, para a completa surpresa do mundo, ingressou no conflito com uma inusitada quantidade de soldados (algo em torno de 300 a 400 mil, apenas em um primeiro momento), o que, por sua vez, obrigou as forças da ONU (que, no seu apogeu, contavam com um máximo de 326 mil efetivos estadunidenses e outros 45 mil dos demais países da coalizão) a recuarem (e a se retirarem completamente do território norte-coreano), enquanto as forças chinesas avançavam em território sul-coreano, atravessando a divisa do paralelo 38, em direção à capital SEUL, já sob a liderança direta de MAO TSÉ TUNG (após o afastamento, do comando das operações militares e políticas, do líder norte-coreano KIM IL-SUNG).


U.S._Army_In_Action_DA_Poster_21-47_Breakthrough_at_Chipyong-Ni-1386px
Ilustração da batalha (US Army Center of Military History).

A 23ª Equipe de Combate Regimental, liderada pelo comandante PAUL FREEMAN JR., foi uma das forças da ONU que tiveram que recuar até CHIPYONG-NI, uma área estratégica localizada no centro da península coreana. Assim, foi formado um perímetro defensivo com o objetivo de impedir o rápido avanço chinês na região (em função de sua descomunal superioridade numérica), de modo a permitir, em última análise, que outras barreiras defensivas fossem construídas pelas forças da ONU. Entretanto, uma inesperada movimentação chinesa fez com que o regimento liderado por FREEMAN ficasse em uma posição extremamente vulnerável.

O 23º Regimento foi, então, cercado pelo 39º Exército chinês, que foi reforçado com elementos do 40º e 42º Exércitos, totalizando um efetivo de 25 mil homens. A finalidade dos chineses era clara: eles desejavam eliminar totalmente o 23º Regimento e não mediram esforços para conquistar este objetivo. Assim, a batalha de CHIPYONG-NI iniciou-se e acabou sendo dividida em “ondas de combate”, por meio das quais as tentativas de avanço do exército chinês eram frustradas pela resistência das forças da ONU, que, apesar de seu reduzido poderio terrestre, conseguiram receber o necessário apoio aéreo (apoio tático e suporte) para manterem sua posição.


100604-F-0000X-002
Mustang F-51, aeronave de apoio aéreo aproximado durante a Guerra da Coréia, com napalm, foguetes e metralhadoras (foto da Força Aérea dos EUA).

Os chineses passaram a recuar depois que as forças da ONU atacaram a região com mais de 40 bombardeiros intensos, no dia 15 de fevereiro, no que ficou, posteriormente, conhecido como a estratégia do “moedor de carnes” (e que foi amplamente utilizada, repetidas vezes, em embates posteriores, como compensação da permanente inferioridade de efetivos e meios combativos terrestres). Este recuo permitiu o avanço de 20 blindados que acabaram por flanquear os chineses, forçando ainda mais o recuo dos mesmos e consolidando a posição das forças da ONU. O avanço chinês foi assim impedido, reforçando a doutrina norte-americana de emprego de sua superioridade aérea contra efetivos terrestres desproporcionalmente limitados em combate.


*Reis Friede é Desembargador Federal, Professor Emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e Professor Honoris Causa da Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica (ECEMAR). Site: https://reisfriede.wordpress.com/ . E-mail: reisfriede@hotmail.com . É autor do livro Ciência Política e Teoria do Estado.

**Nathalia Ferreira é Assistente de Pesquisa e graduanda em Defesa e Gestão Estratégica Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).


RECOMENDADOS PELO VELHO GENERAL

Captura de Tela 2019-03-27 às 15.00.22

A Guerra Da Coreia

  • Stanley Sandler (Autor)
  • Em Português
  • Capa Comum
Captura de Tela 2019-03-27 às 15.00.40

Korean War: A History From Beginning to End

  • Hourly History (Autor)
  • Em Inglês
  • Versões eBook Kindle e Capa Comum
Captura de Tela 2019-03-27 às 15.00.56

Fury from the North: North Korean Air Force in the Korean War, 1950-1953

  • Douglas C. Dildy (Autor)
  • Em Inglês
  • Capa Comum
Captura de Tela 2019-03-27 às 15.01.32

MacArthur’s Air Force

  • Bill Yenne (Autor)
  • Em Inglês
  • Capa dura

Compartilhe:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

7 comentários

  1. Bem resumido e focando na aviação e omitindo os franceses. O combate foi principalmente terrestre, com os americanos da 23, os Rangers da primeira companhia e os franceses do Batalhão Francês da ONU, defendendo o inimigo quase como na Primeira Guerra Mundial. Foi uma vitória tática da infantaria entrincheirada em um vale contra inimigos mais numerosos e controlando as elevações ao redor. As unidades da 23rd RCT e unidades destacadas (Batalhão Francês e Primeira Companhia Ranger) receberam a United States Army Distinguished Unit Citation pela batalha.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

V-UnitV-UnitPublicidade
AmazonPublicidade
Fórum Brasileiro de Ciências PoliciaisPrograma Café com Defesa

Veja também