Mikoyan Gurevich MiG-21 Bison, a Fera Hindu

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Por: Valter Andrade e Everton Luiz Pedrosa*


Ouça também o podcast do jornalista Valter Andrade sobre o assunto:

‘SCRAMBLE. SCRAMBLE’

O Comandante de Ala Abhinandan Varthaman, ou apenas ‘Abhi’ nome de identificação que esta no macacão verde que todos os pilotos da IAF usam em áreas operacionais, neste dia estava de prontidão na pista em missão de QRA (Quick Reaction Alert) numa area da base de Siranagar na Caxemira, lar do esquadrão 51 “Sword Arms” quando ouviu esta chamada.

Sua aeronave MiG 21 Bison estava pronta com todas as verificações completas. A bateria externa que acelera o jato ligada. Seu capacete estava conectado ao cockpitNos dois minutos do alerta que se seguiriam, SCRAMBLE, SCRAMBLE, ele conectou os interruptores de seu cockpit e o MiG-21 Bison rugiu pela pista. Aviões de caça operam em pares neste tipo de missão de alerta, e os dois pilotos decolando um após o outro.


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Wing Commander Abhinandan Varthaman

Na posição de líder, o WC (Wing Commander) Abhi foi informado pelo controlador de caça em terra, que monitorando o radar de vigilância, já havia detectado uma ameaça formada por F-16 inimigo que estavam vindo. Abhi moveu-se na direção dos atacantes seguindo orientações do controlador do radar para perseguiu a aeronave inimiga para expulsá-la do espaço aéreo indiano. O piloto engajou o F-16, e as duas aeronaves entraram num clássico confronto direto de curta distância, um “Dogfight”. O F-16 foi derrubado com mísseis transportados pelo MiG-21 Bison. Não se sabe como o MiG-21 indiano foi abatido.

Em uma situação de combate em que ambos os pilotos estão em um Dogfight, às vezes não é possível saber onde um piloto está, especialmente na Caxemira, onde os limites não estão bem definidos na linha de frente.


“Nosso cara, infelizmente, caiu do seu lado da fronteira. Isso é apenas má sorte”, diz um piloto de caça.


Os pilotos são treinados em técnicas de sobrevivência em diferentes terrenos, mesmo na água. O equipamento de sobrevivência é transportado a bordo e faz parte do pacote de sobrevivência quando ele é ejetado da aeronave. Filho de um piloto aposentado, cujo pai, um marechal-do-ar, voou quase todos os caças da Força Aérea Indiana – foi um momento difícil para a família de Abhi, amigos e para os indianos em geral.

A incursão paquistanesa consistiu de 24 aeronaves no total. Destes, 8 x F-16, 4 x Mirage III e 4 x JF-17 formaram o pacote de ataque. O resto do vôo foram escoltas, principalmente F-16. O elemento de ataque do PAF foi interceptado por dois MiG-21 Bison da base de Srinagar que se dirigiram diretamente para a interceptação. Mais dois MiG-21 decolaram alguns minutos depois, seguidos por um par de Mirage 2000. Uma dupla de jatos Su-30 MKI já estavam no ar em uma CAP (Combat Air Patrol, Patrulha Aérea de Combate) mais ao sul, sendo desviado para fornecer cobertura para a interceptação.

Quando os aviões da IAF se aproximaram, o elemento de ataque da PAF retornou e foi perseguido pelos dois MiG-21 Bison. O avião interceptado era um F-16D (um F-16B jordaniano adquirido e atualizado para o modelo F-16D Block-52 pela Turkish Aerospace Industries). Um MiG-21 pilotado pelo comandante de ala Varthaman transmitiu por rádio que ele havia conseguido o bloqueio do radar e ele quebrou a formação para perseguir seu alvo, seu ala em outro MiG-21 o seguiu.


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F-16D Block 52 da PAF (Pakistan Air Force)

O comandante da ala, Varthaman, disparou no F-16D com um míssil WVR R-73E IR. Depois que o F16D caiu, os aviões F16 da escolta do PAF dispararam contra o WC e seu ala com dois AIM-120 AMRAAMs. O WC caiu, o ala se esquivou. Os destroços do AMRAAM que atingiram o alvo foram recuperados posteriormente pelos indianos.

Que caça é este?

Em meados de 2003, um grupo de cinegrafistas indianos recebeu a missão de ir até o norte de Nova Delhi para fazer gravações de um filme de divulgação interna da Bharathya Vayu Sena’’ (Força Aérea da Índia ou BVS), chamado A akash Yodha 2’’. O objetivo era fazer uma visita surpresa numa das mais antigas bases indianas, a Base aérea de Ambala, abrigo do Terceiro Esquadrão da Força Aérea, o “Cobras’’. Lá eles seriam apresentados a o mais um novo vetor que entrara em serviço. Um clima de festividade ainda reinava na BVS, com os “holofotes’’ voltados para os novos caças SU-30 MKI. Bem mais discreto, o novo vetor podia não ser tão bonito como o caça da Sukhoi, mas o que o “Cobras’’ tinha a mostrar não era algo menos surpreendente: sob o sol de Delhi surgiu a silhueta de um avião projetado há quase 50 anos, que se mostrava pronto a realizar tarefas típicas de caças do século XXI: o MiG-21 Bison.


MiG-21 Bison CU2212 at Ambala - India 25feb2009
MiG-21 Bison CU2212 em Ambala, India, em 25 de fevereiro de 2009

Para entender um relacionamento tão duradouro e complexo entre os indianos e o MiG-21 é preciso conhecer a história dessa aeronave. O caça a jato mais produzido de todos os tempos, com mais de treze mil unidades construídas; o avião de caça que de mais conflitos participou em todos os tempos num total de quatorze guerras com mais de 250 vitórias em seu currículo e treze ases; o avião de caça com maior número de nações usuárias, servindo em 50 forças aéreas; a primeira aeronave de combate apta a voar com armas russas e da OTAN de forma combinada; o primeiro caça de Mach 2 a abater um oponente em combate; o avião que mais tempo permaneceu em produção (mais de 45 anos). Resumindo, caça a jato de gênese soviética de maior sucesso de todos os tempos.

Desenvolvido no final dos anos 50, o Mikoyan Gurevich MIG-21(“Fishbed” para a OTAN) foi incorporado pela BVS no final dos anos 60, por várias vezes voou em combate pela India, sempre alternando seu sucesso em combate com o elevado número de acidentes nos quais se envolveu, fardo este que teve de carregar sozinho por representar, por mais de vinte anos, setenta por cento da força de caça-bombardeio daquele país. Mas os militares indianos conheciam muito bem o MiG-21 e confiavam em sua capacidade: “ainda precisamos desse avião, lembrem-se que ganhamos uma guerra com ele” disse certa vez o comandante Marshal Tyagi, referindo-se a Guerra Indo-Paquistanesa em 1971, em entrevista ao The Times of Índia em 2007.

Com os atrasos no desenvolvimento do projeto LCA (ou Tejas) estima-se que o Bison será o último “Fishbed” baseado na célula original da versão “Bis” a deixar o serviço ativo, por volta de 2020. Até lá cumprirá bem o seu papel que é defender o espaço aéreo indiano em pleno século XXI, sendo o caça numericamente mais importante dessa força aérea.

Nasce o Bison

No início dos anos 90, com o esfacelamento da união Soviética, as forças aéreas russas e de países do leste europeu presenciaram uma significativa redução do número de células de aviões de combate em serviço: não havia mais como manter uma ordem de batalha tão sortida e complexa, antes justificada pela Guerra-Fria. Cabia a cada país selecionar quais peças seriam vitais para sua proteção e quais seriam dispensáveis. Para os russos o MiG-21 era uma aeronave pouco interessante, com sérias limitações de alcance, argumento válido para um país de dimensões continentais e no limite da vida útil. Soma-se a isso o grande número de caças MiG-29 em serviço, avião que encontrava-se em produção e desempenhava a mesma função do “Fishbed”, sendo bem mais moderno.


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Dois MiG-21 Bison da IAF (India Air Force)

O lobby da Mikoyan e da Sukhoi era forte; Os fabricantes precisavam continuar a produção de aviões novos, inclusive para exportação. Por esse motivo, as modernizações, seja para consumo interno ou para clientes externos, era algo proibido de ser cogitado. Dessa forma o MiG-21 saiu de serviço na Rússia em 1998, juntamente com outros MiG 23/27 e 29 de versões mais antigas. Mas se na Rússia existiam completas linhas de produção de aviões de caça, nos demais países da Europa do leste era bem diferente.

Com grande descontentamento, os russos descobriram que, em meados de 1992, a Romênia (um de seus antigos aliados) negociava junto a Israel um programa “pirata” de modernização dos MiG-21 MF-75, hoje conhecidos como “Lancer”. Na época havia pelo menos outras cinco nações interessadas num avião semelhante. Um MiG-21 Bis podia estar distante de ser a aeronave ideal no inicio dos anos 90, mas para os países que dispunham dessa arma, ela apresentava-se como uma ferramenta útil, fácil de operar, barata, com grande estoque de peças, versátil, veloz e razoavelmente ágil. Em alguns países o “Fishbed” surpreendentemente ousou substituir de forma momentânea ou definitiva modelos mais novos como MiG-23 e mesmo MiG-29, como se observou na república Tcheca, Sérvia e Romênia.


Mig-21-Bis-Cockpit-3
O painel do Bison é consideravelmente mais moderno e fácil de operar que o painel original dos MiG-21. A maioria dos mostradores analógicos foram substituídos por um display multifuncional que concentra as principais informações de navegação e ataque na tela.

O estopim para a indústria russa foi a expansão da industria militar chinesa. Se para os russos era proibido pensar em modernizar seus próprios projetos, os chineses começavam a suprir o mercado africano e asiático com o Chengdu F-7, que nasceu como uma cópia do caça da Mikoyan. Diante desta situação constrangedora a MAPO/MIG iniciou os trabalhos para a melhoria da capacidade de combate do MiG-21. A proposta era simples: Explorar o máximo do potencial da aeronave sem grandes alterações na estrutura. Em 1993 foi apresentada uma alternativa de modernização denominada MiG-21-93, mas poucos países demonstraram interesse.

Entretanto a Índia, detentora da maior frota ativa de MiG-21 do mundo deu claros sinais de interesse. As negociações entre a MAPO/MiG e a Índia prosperaram, e diante do esperado atraso no programa de reaparelhamento da BVS, o governo indiano assinou em 1996, contrato de U$ 340 milhões para a modernização de 125 MiG-21 Bis (com opção para mais 50) para o padrão MiG-21-93.

O upgrade oferecia um radar multímodo de pulso-doppler, operando em banda X denominado “Kopyo” (uma simplificação do radar Zhuk do projeto MiG-29M), da empresa Phazotron; novo canopy em bolha, sistema de navegação inercial Sextant TOTEM RLG-INS, com giroscópio a laser; HUD da EL Op, cockpit digital com telas multifuncionais da Sextant, sistema de alarme-radar (RWR) Tarang da DRDO, gravador digital de dados em voo, lançadores de chaff-flare da Vympel e sistema de mira montada no capacete da SURA (o mesmo sistema é usado no Su-27/30 Flanker), novos rádios HF/VHF/UHF e sistema HOTAS, com a atualização o leque de armas foi ampliado, de modo que o MiG-21 poderia contar com mísseis IR R-73 “Archer”, R-77 “Adder”, de radar ativo, bem como com os R-27 “Alamo”. A única arma ar-solo passou a ser a bomba KAB-500KR, guiada por TV.


O radar Phazotron Kopyo deu olhares mais atentos ao MiG-21. Embora as melhorias do modelo não se limitem ao novo radar, tornaram este pequeno caça mais letal.


Interceptador por herança, guerreiro multifuncional por ocasião

Quando o MiG-21 foi concebido, sua missão principal era voar  alto e interceptar bombardeiros e caças usando a boa manobrabilidade e velocidade que dispunha em grandes altitudes. Mas logo ficou claro que sua principal utilização não seria num cenário de “guerra total” entre superpotências e sim em conflitos militares em países periféricos. Daí exigiria-se dele bem mais como caça-bombardeiro que como interceptador “puro”.

Tentativas de converte-lo para o perfil “multi-role” foram feitas com MiG-21 de 1ª, 2ª e 3ª gerações, custando a vida de inúmeros pilotos e a perda de várias aeronaves (o projeto original não previa o uso como avião de ataque, e sim meramente como caça/interceptador). Apenas com o surgimento do MiG-21 Bis, otimizado para combates em baixa altitude e com motor mais potente, dotou-se o MiG-21 de relativas capacidades multifuncionais. E o Bison tirou proveito delas: um dos elementos que contribui para isso foi o compacto radar Phazotron Kopyo, com capacidades de mapeamento de alvos em solo (parados ou em movimento) e interface com armamento ar-mar.

Desenvolvido entre 1988 e 1990, com a aplicação de upgrades de aeronaves de caça, ataque e bombardeiros, a primeira geração do Kopyo caracteriza-se pela leveza e pela capacidade multimodal para guiagem de mísseis, bombas e canhões de tipos mais recentes em uso ou em fase de projeto. Desde o início a MAPO/MIG mostrou interesse da aplicação desse radar no seu MiG-21-93, visto que o limitado espaço no interior do cone do radar não comportava um radar de maiores dimensões. Alguns especialistas afirmam que um MiG-21Bis equipado com o Kopyo tem sua eficiência em combate ampliada em oito vezes em relação ao mesmo modelo equipado com radar Sapfire 22M!


Com a modernização, realizada com ajuda israelense, o MiG-21 romeno passou a se chamar MiG-21 Lancer.


Porém a validade de determinadas tecnologias nem sempre é muito longa. Passados poucos anos da apresentação do “21-93”, os russos apresentaram aos usuários estrangeiros programas ainda mais ambiciosos, denominados MiG-21-97 e MiG-21-98 (alternativa de upgrade para a versão MF). Além de contar com todas as melhorias vistas na modernização anterior, o “21-97” previa a adoção de motores RD-33 (menos “sedentos” que os R-25 da versão Bis) e de uma futura versão do radar Kopyo ainda mais capaz, denominada “Kopyo-M”.

A evolução do novo radar em relação ao original era notável: houve um incremento no alcance da ordem de 25% na escala de detecção de alvos aéreos (o Bison na India é usado quase que exclusivamente na função ar-ar), graças a uma nova base de elemento e a um novo processador de sinais. Antes o Kopyo chegava a ter 57 km de alcance máximo para alvos frontais (ar-ar); no modelo “M” são 75 Km de alcance máximo, nas mesmas condições. A resistência a jammers adversários também aumentou e o peso diminuiu consideravelmente, gerando economia de combustível. Alguns sistemas desse novo radar não operariam em sua total capacidade para que haja margem de futura evolução do equipamento.


O Mig-21 Bison, armado com mísseis R-73 e R-77, ganhou capacidade para enfrentar e vencer caças muito mais modernos, como o F-16.


Domadores de foguetes

O dia 16 de fevereiro de 2004 sem dúvidas foi especial na história da BVS, do MiG-21 e dos pilotos indianos que nele voaram. Passados dois dias do 49º aniversário do vôo do primeiro protótipo do “Fishbed”, começara em Gwalior (Jodhpur) a inédita “Cope India”: o primeiro exercício de combate simulado entre India e Estados Unidos em mais de 40 anos. Aproximadamente 150 pilotos americanos da base aérea de Elmendorf (Alasca) participaram do evento. Junto a eles, dezenas de equipamentos e profissionais de comunicação, segurança e apoio logístico e, claro, os caças de superioridade aérea F-15C Eagle. Do lado indiano pilotos aguardavam os embates em meio a dezenas de Mirage 2000 Vajra, MiG-21 Bison, MiG-27 Bahadur, MiG-29 Baaz e SU-30 MKI.


O F-15C enfrentou o MiG-21 Bison durante o exercício “Cope India” onde os Bison, junto com os Su-30, “derrubaram” 9 em cada 10 combates contra o F-15C.


Passados dois dias de vôos de familiarização, iniciaram-se as missões, que consistiam em séries de trinta minutos, onde haviam tentativas de engajamentos e desengajamentos por parte dos pilotos dos aparelhos envolvidos. Nas missões eram simulados “ataques” a “pacotes” de aeronaves e a capacidade defensiva das tripulações. Durante quase todo o tempo os pilotos de F-15 limitaram-se a defender posições em terra contra o avanço das aeronaves de ataque hindus, representadas pelos MiG-27 com escolta de caças, dentre esses, o MiG-21 Bison. O preconceito contra as habilidades dos indianos era notório, pois o senso comum dizia que “os asiáticos eram melhor preparados para o dogfight, e que não tinham grande domínio na arena BVR (Beyond Visual Range, além do alcance visual), onde os ‘olhos’ dos F-15 conseguiam alcançar”. Porém tal erro custou caro a USAF.


MiG-21 Bison Cutaway
“Corte” do MiG-21 Bison

Em algumas missões do exercício, segundo relato do Cel. Terrence Fornof da USAF, ocorreram situações que lembraram a Guerra do Vietnã. Em uma delas um piloto de Bison teria se lançado contra um F-15 que estava posicionado diretamente acima dele, voando pouco acima dos 110 nós (204 km/h) e razoavelmente baixo; começou o combate com nariz inclinado para cima em 60 graus, e depois disso o indiano teria puxado a manete procurando uma rápida razão de subida, manobra que o fazia ultrapassar fácil e rápido os dez mil pés se fosse preciso.

Se ele estivesse no Vietnã poderia apelar para os nem sempre certeiros mísseis AA-2 “Atoll” guiados por calor. Porém dessa vez o MiG-21 dispunha de um visor de capacete, de mísseis R-73 e R-77 e jammer ativo. Com um RCS de apenas 2,2 m² (limpo, sem aplicação de material absorvente/dispersor de radar), o MiG-21 não teria sido visto pelo F-15 e disparou um míssil que imediatamente “abateu” o caça americano. Seria mais um bem sucedido dogfight na carreira do “Fishbed” ou golpe de sorte?

A verdade é que o Eagle em questão estava sendo observado há algum tempo por um Su-30, que de imediato encontrou o Bison próximo ao adversário e o vetorou até seu alvo. No ano de 2005, em exercícios sobre Kalaikunda, os Flankers e os Bisons, apoiados por outras aeronaves hindus, conseguiram novamente impôr superioridade aérea aos F-15 da USAF e venceram 90% dos combates, sendo os dois tipos russos considerados “os mais eficazes caças indianos” na ocasião.

O surpreendente resultado levantou suspeitas sobre a veracidade das informações, pois alguns achavam que Elmendorf havia “perdido” de propósito para conseguir argumentos favoráveis ao reaparelhamento da base com o F-22 Raptor, mas declarações vindas da própria USAF mostram que o que ocorrera ali não fora apenas uma encenação: Os militares foram unânimes em dizer que a quantidade de horas voadas pelos pilotos de F-15 estava muito aquém do esperado (por razão de economia de combustível) e que os indianos, além dos bons vetores, tiveram táticas inteligentes.

Para o Cel. Terrence Fornof, “O MiG-21 é um avião incrível! Ainda é bem manobrável e, diferente do passado, hoje possui bom armamento”. Para o Cel. Greg Neubeck, “os pilotos indianos mostraram-se tão preparados quanto os nossos. São excelentes aviadores!”. Já o Cel. Mike Snorgrass foi mais ponderado: “Sobre a BVS, tanto o seu nível de treinamento quanto a qualidade de seus pilotos mostraram-se superiores ao que esperávamos.”

Calcula-se que hoje existam cerca de 1.500 MiG-21 e F-7 em operação no mundo. Esse número diz respeito aos MiG-21 que estão em condição de voo, pois foram construídos mais de 13.500 exemplares deste caça. Sendo que cento e vinte cinco são do modelo Bison. Estes aviões demonstram os sinais do envelhecimento.


MiG-21operators
Operadores do MiG-21 em azul (ex-operadores em vermelho; em verde, aparelho capturado)

Falta-lhes manobrabilidade em baixa altitude, há perda drástica de energia em sequências ininterruptas de curva e a autonomia continua muito limitada, sem a possibilidade do REVO (Reabastecimento em Vôo). Mesmo assim a validade do projeto impressiona tanto quanto o número de seus derivados diretos, desenvolvidos para voar nos tempos modernos. Mas uma coisa é certa: o Mikoyan Gurevich MiG-21 já esta incluído no hall dos grandes aviões de combate da historia.

FICHA TÉCNICA

  • Velocidade máxima: 2.175 Km/h.
  • Velocidade de cruzeiro: aprox. 900 Km/h.
  • Razão de subida: 14.100 m/min.
  • Potência: 1,16.
  • Carga de asa: 80lb/ft²
  • Fator de carga: +8.5, -4,0 Gs
  • Razão de rolamento: 95º/seg
  • Taxa de giro: 13,1º/seg
  • Teto de serviço: 17.800m
  • Alcance: 1.210 km (sem tanques auxiliares)
  • Motor: um Turbojato Tumansky R 25-300 com 7.035,93kgf .Reserva de potência: 3 min. de 9.789kgf com pós combustão em altitude máxima de 4.000m.
  • Radar: Phazotron Kopyo M com 75km de alcance contra alvos voando alto.

Dimensões

  • Comprimento: 14,50m (com pitot)
  • Envergadura: 7,15m
  • Altura: 4,12m
  • Peso vazio: 6.200kg
  • Peso máximo na decolagem: 10.400kg (com 3 subalares e 2 mísseis)

Armamento

  • Ar-ar: curto alcance: 4 x R-73E ou 4 x R-60M; médio alcance: 2 x R-27 R1 ou R-27T; 4 x R-77. É permitida qualquer combinação de mísseis, num total de 4. Apenas o R-27 tem a restrição de um para cada asa, num total de 2.
  • Ar-terra: duas bombas guiadas por TV KAB 500 KR de 500kg.
  • Interno: 1 canhão GSH-23 de 23 mm.

Everton Luis Pedrosa*Everton Luiz Pedrosa é bancário, designer e pesquisador de história militar. Formado em Desenho Industrial , Everton é também plastimodelista – monta e coleciona modelos de veículos militares. Mora em Jaboatão dos Guararapes, ao lado de Recife/PE. Tem desenhos e artigos publicados em veículos especializados de aviação militar e defesa no Brasil e exterior. Atualmente colabora com o Canal Arte da Guerra e com o site Forças de Defesa.


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1 comentário

  1. A israelense IAI, na primeira década do século XXI, também não havia lançado um pacote de modernização, creio que era “MIG 21 – 2000”?

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